Silvia Tedesco. "As práticas do dizer e os processos de subjetivação".
- Gabriel Nogueira Ferreira
- 10 de jan. de 2023
- 2 min de leitura
(...) "falar de subjetividade é falar de uma maquínica, de um processo de produção dirigido à geração de modos de existências, ou seja, modos de agir, de sentir, de dizer o mundo. É analisar um processo de produção que tem a si mesmo, o sujeito, como produto. Precisamos entender a subjetividade ao mesmo tempo como processo e produto".
(...)
"Falar da subjetividade como processo de produção implica em falar do plano onde este processo de produção, este processo de construção de si, ocorre. Como consequência, precisamos considerar o caráter político, as relações de poder que compõem este plano, as relações de forças implicadas no processo de produção. Afirmamos ser o plano das forças, produtoras da forma subjetiva, uma dimensão própria à subjetividade.
A clínica, portanto, não remete os impasses do sujeito a uma realidade essencialmente psíquica, circunscrita a conflitos intimistas, ou mesmo a estruturas subjetivas universais. Ela traz a cena o plano de forças, no qual lutas, impasses constantes, exprimem certa modalidade de funcionamento. Para além do sujeito constituído, produzido, existe a subjetividade, modo como denominamos seu plano de produção. Este plano torna-se o real objeto da clínica.
Referir-se à subjetividade é referir-se às relações, à rede de conexões que a constituem. Vale como esclarecimento que nesta rede, o sujeito não vigora como termo preexistente que, então, de acordo com características próprias, estabeleceria elos de vida com o meio circundante. Não fazemos referência a um sujeito destacado dos objetos do mundo, nem a uma realidade psíquica que estabeleça relações de representação com uma pretensa realidade externa, dada desde sempre e dela separada. Não há dicotomia sujeito-objeto ou sujeito-mundo. O que temos é a subjetividade como um plano de forças, onde tanto o sujeito quanto o mundo já são efeitos. A subjetividade não participa da rede, ela constitui a própria rede".
Trecho do artigo 'As práticas do dizer e os processos de subjetivação' de Silvia Tedesco.

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